quarta-feira, 30 de março de 2011

O SINCRETISMO NO RITUAL DA CURA NO CANDOMBLÉ

O Ritual da Cura ou Fechamento de Corpo praticado em muitos candomblés na Sexta Feira da Paixão, que é uma data que os católicos dedicam à memória da crucificação de Jesus Cristo, tem origem nas mais antigas práticas bantos de calundus (formações religiosas anteriores à formação do candomblé modelado pelo Ketu na Bahia).

Algumas tradições Jeje Mahi, formações de candomblés Nagô Vodum, e Jeje Nagô principalmente, absorveram, em sua formação, do elemento banto presente no Recôncavo Baiano, tal tradição, umas casas como as de Candomblé de Angola realizam na Sexta Feira da Paixão e outras tradições segmentadas e formações não propriamente no dia santificado dos católicos, mas em etapa anterior ao sacrifício do bicho de 4 patas do rito de iniciação.

A “cura” é uma denominação para a “cruza ou cruz”, sinal recebido dos mercadores e traficantes de escravos para marcá-lo e distinguí-lo dentro de um grande número de indivíduos, principalmente assim agiam os mercadores e traficantes espanhóis, portugueses e brasileiros (muitos referidos ao longo da História como sendo portugueses). Tal símbolo era marcado nos braços, peito, costas dos escravos de forma a marcá-lo com sendo já batizados e portanto que já haviam recebido o nome pelo qual deviam ser conhecidos doravante, só então depois eram conduzidos ao Brasil em navios negreiros. Tal flagelo atendia a grandes encomendas de escravos principalmente para o árduo trabalho da lavoura no Ciclo da Cana de Açúcar.

Em fongbè (Língua Fon) a cruz é denominada kluzú (pronunciando-se curuzú, que dá nome a uma localidade em Salvador, Bahia). Para o indivíduo banto de forma geral e principalmente no Brasil ficou entendida como “cura”. Também no Brasil muitos índios entenderam o símbolo da cruz como curuçá ou cruçá a partir dos Jesuítas, passando assim a denominá-la.

O segredo do Fechamento de Corpo no Ritual da Cura está no que lhe é passado depois da marcação do sinal e o que é rezado naquele momento, diferindo os ingredientes passados e ingeridos e as rezas de acordo com o candomblé.

Durante o primeiro processo de iniciação, que normalmente tem a duração de 21 dias, são diversos os rituais que têm lugar, e pelos quais os Yaôs têm que passar para poderem receber o seu Orixá de forma íntegra.

São tomados diversos cuidados para que o iniciado possa de facto, dali para a frente estar munido do conhecimento necessário, mas também de defesas necessárias, uma vez que vai nascer para a sua “nova vida”.

Não se trata só de munir e proteger o espírito das defesas necessárias, mas também o seu corpo físico, e nesse âmbito, são feitas as chamadas Kuras.

As Curas são incisões feitas no corpo do Yaô, que por um lado representam o símbolo de cada tribo, como o símbolo de cada Ilê (casa ou terreiro), mas têm o objectivo de fechar o corpo do Yaô, protegendo-o de todo o tipo de influência negativas.

Para isso são feitas as incisões (o que chamamos de abrir) e nessas incisões é colocado o Atim (pó) de defesa para aquele Yaô (iniciado). O Atim tem uma composição base de diversas plantas e substâncias, mas o Atim utilizado para as Kuras, contêm também as ervas do Orixá daquele Yaô em quem ele vai ser aplicado.

Sabemos que em algumas casas a Kura pode também ser tomada como infusão de ervas, porém na maioria das Casas de Candomblé, as Kuras, que são de origem Africana, são feitas como incisões ou cortes, e nesse cortes são colocados pequenos punhados de Atim, para que esse Atim penetre no corpo e o proteja de males exteriores enviados contra a pessoa.

Normalmente, as Kuras são feitas no peito, dos dois lados, nas costas, também dos dois lados e nos braços; evitando assim que de frente, de costas ou no manuseio de qualquer coisa algo negativo possa entrar no corpo do Yaô.

Além dessas, na feitura do Santo, abre-se também o Farim, que é uma Kura no centro do Orí, do Yaô, que por um lado impede também que algo de mal possa entrar na cabeça do Yaô, mas que facilita também a ligação com o seu Orixá. É comum também fazer-se na sola dos pés para evitar que o pisar de algo negativo possa interferir com o Yaô, havendo ainda, alguns zeladores que fazem uma Kura na língua dos seus Yaôs, para que os mesmos não comam comidas “trabalhadas”, e caso as comam, para que essas comidas não lhe façam mal.


domingo, 27 de março de 2011

HOMENAGEM AO "BRAÇO ESQUERDO DO CRIADOR" 2011



































Como todos os anos homenageamos aos Exus e Pombagiras em forma de agradecimento fazemos uma humilde homenagem a estes Guardiões tão queridos...e perdoem os Exus, se esqueci do nome de algum...

Agradeço especialmente a Olorum por ter permitido que esta maravilhosa falange, possam estar em contato conosco, às vezes não entedemos seus trabalho e nem suas vestes, mas sabemos são grandes arcanos, são os grandes manipuladores e frenadores de nossas vidas, Exu é pau, é pedra e é porrete, é pau que nos serve de escada para alcançarms nossos objetivos, é pedra no caminho de quem não respeita suas leis e é porrete no coração de quem interfere suas leis sagradas.
Agradeço a Exu Marabô por cuidar dos meus caminho abrindo as porteiras para meu sucesso alcançando meus objetivos, obrigado também a Exu Tranca-Ruas e Capa Preta.

Agradeço a Exu por me lembrar das leis sagradas, sabendo em nosso consciente que toda ação causa uma reação e está será aplicada por Exu, obrigado Exu Gira-mundo, Pantera Negra, Seu 7, Exu da Estrada,7 Porteiras,7 Catatumbas, Seu Ganga, Exu Veludo e Exu mangueira.

Agradeço a Exu por cuidar de meus pensamentos e anular as palavras malditas em direção a minha pessoa, agradeço a Pantera Negra, 7 Gargalhadas, Gato preto, Seu Tiriri.
Agradeço as Exus mirins, pois esse são grandes curadores, junto com a falange de Tiriri, Exu Dadá, Exu do Lodo, Exu brasinha, Calunguinha, toquinho e Veludinho.

Agradeço a Exu a proteção que sempre me deram e sempre me darão no dia de meu desencarne, agradeço a falange de Tatá Caveira, João Caveira Sete Cruz das Almas e Rosa Caveira.

Agradeço a Sete Encruzilhadas, Sete Chaves e Sete Pembas por serem a grande lâmina da espade Oxalá.

E agradeço a todas Pomba-Giras pela força e determinação, pois sem Pomba-gira Exu não faz nada. Agradeço especialmente a Pomba-Gira Dama da Noite, Sete Saias, Rainha, Maria Mulambo, Maria Padilha, Rosa Caveira, Clarita, Jaqueline, Maria éuiteria, Feiticeira e Maria Farrapo.
Obrigado todo povo de Exu, Salve Vossa banda e vossa Ganga.
Que Oxalá nos abençoe sempre
Mo jubá!!!
















































terça-feira, 22 de março de 2011

CONTRA - EGUM

A palavra "Egum" vem do Yorubano (Nigéria) e significa desencarnado, espírito, alma. Pode ser um espírito sem luz, mas brando e calmo e pode ser um espírito sem luz, ruim, zombeteiro, confuso.


O "contra-egum" é um fio trançado de palha-da-Costa para ser amarrado no braço, impedindo a aproximação do Egum.

Contra-egun é uma proteção que se usa em determinados dias em que há muitos trabalhos na rua, muitos eguns soltos... Por exemplo: na minha casa usa-se no carnaval e durante a quaresma,época em que muito povo de rua sem doutrina e eguns estão "soltos". Então, uma maneira do rodante proteger o seu ori é utilizando um contra-egum para que nenhuma entidade da rua sem doutrina ou egun se aproxime dele nesses dias em que há muita carga negativa e despachos com as mais variadas finalidades na rua. Agora, dia 2/11 ( Finados), é um dia em que os rodantes (o povo do santo em geral) deve usar o contra-egun, porque muita gente faz trabalho na madrugada do dia 1º para o dia 2 e os cemitérios ficam lotados de eguns e espíritos sem doutrina.

Muito utilizado para afastar estes eguns após obrigação do filho de santo, que recebem este artefado durante as mesmas e guardam após consigo como símbolo de proteção. Porém deve ser usado toda vez que o médium tiver que visitar locais propícios a estes espíritos tais como cemitérios, hospitais, delegacias, presídios, hospícios, enfim, lugares tidos como "carregados".
Algumas pessoas alegam que contra egum pode ser utilizado nos braços, nas pernas ou na cintura, mas isso é um erro. O contra egum somente é utilizado nos braços, o que se usa nas pernas tem outro nome,( o OPACHORÔ que também pertence a Obaluayê e nesse utiliza-se um guizo preso, pois seu barulho espanta os eguns. ) Já na cintura usa-se o cordão umbilical ( Umbigueira) que representa a ligação direta do iniciado com seu Orixá. assim como o que se usa na cintura.

Sempre que tivermos utilizando contra egum, estamos impossibilitados de praticarmos sexo e de consumirmos bebidas alcoólicas, pois, que nessa fase, nosso Orixá está diretamente ligado a nós e como sabemos, essas coisas lhes são completamente estranhas e devemosa respeitá-los, permanecendo com o" corpo "mais limpo" que pudermos.

Se na sua casa, como na nossa, for preceito utilizar contra-egun, faça-o sem se envergonhar, ninguém tem nada com a sua religião, não precisa esconder, se achar que vale a pena, esclareça a pessoa com seus conhecimentos sobre o contra- egum. Mostre que sua Religião tem fundamentos e ensinamentos e que você é conhecedor deles.
AXÉ!